Hello Giggles: Para Miley Cyrus e todos os seus haters

O site Hello Giggles, postou uma mensagem para Miley e para seus haters. Confira a tradução da matéria:

Qual é o tipo de decisões que você confiaria em uma garota de 12 anos?

Você a deixaria escolher suas roupas para a escola, provavelmente. Ela tem idade suficiente para decidir o que ela quer pedir para o jantar. Você iria confiar nela para decidir a cor de seus esmaltes, ou que filme ver com os amigos, ou se ela vai tentar fazer vôlei esse ano. Ela pode decidir qual instrumento musical ela quer tocar, e qual será o nome do cachorro.

Mas tem decisões que uma menina de 12 anos não pode tomar. Isso inclui com quem vai se casar, se quer ou não ter relações sexuais com um adulto, se deve ou não ir para a escola, comprar bebidas alcoólicas e cigarros, e entrar para as Forças Armadas.

Nossa sabedoria nacional proíbe as pessoas de 12 anos de consentir legalmente. Elas não podem assinar contratos vinculativos. Isso faz muito sentido, porque todos nós já tivemos 12 algum dia, e também lembramos que não entendemos muito sobre as consequências dos nossos atos, e as fotos indica que deveríamos realmente ter escolhido nossas roupas para a escola.

Uma decisão que pode mudar sua vida

Miley Cyrus tinha 12 anos quando tomou a decisão de pegar o papel principal em Hannah Montana.

Ela provavelmente entendeu, na época, que ela estaria em uma série de televisão, e ganharia muito dinheiro, e possivelmente estaria dando autógrafos. Ela entendeu que sua vida estava mudando.

O que ela não entendeu era que ela estava assinando um contrato obrigatório com o mundo inteiro, de que eles a veriam como algo que os pertence, a coisa deles, que sua personalidade seria julgada por um planeta cada vez mais conectado, de que o mundo colocaria suas partes juntas para poder quebrá-las depois, e isso aconteceria muitas vezes, em outdoors e revistas e com câmeras de vídeo e em Chinês, e que ela não teria como fugir disso.

De que essa coisa começa e nunca mais termina; de que eles te perseguirão aonde você for; de que a briga para se definir internamente, de pertencer a si mesmo, será mais difícil do que qualquer coisa que você imagina; de que as vantagens estarão sempre contra você; de que as pessoas jovens que ganham essa primeira lotaria são diretamente jogados na próxima; de que os números que você ganhou com a primeira vez serão os últimos a serem desenhados.

Que a sua parte que tão perfeitamente habita outra vida nas câmeras, a fiação no seu cérebro que quer estar acima e fora de si, a vontade de se tornar algo e alguém, mesmo que por somente alguns minutos, vai assombrar você pelo resto de sua vida.

De que isso seria aterrorizante. De que você teria que passar por cima de tudo isso.

Uma nota sobre compaixão

Eu suspeito que é preciso muita coragem para ser a Miley Cyrus. Ter sua vida exposta, é preciso ter coragem para ser qualquer mulher adolescente, e, em uma época de Facebook e Twitter, cada mulher jovem que passa por isso do outro lado é uma guerreira certificada.

Pense na primeira vez que um de seus amigos te enviou uma mensagem dizendo que alguém falava coisas horríveis sobre você na internet. Seu coração disparou, e você entrou no link. Você se inscreveu em tudo, instalou tudo, você usou seu cartão – tudo isso para descobrir que estava apenas infectando seus amigos com spam.

Mas nesse momento, você estava com medo de que estivesse sido traído, desconfiado de que alguém poderia ter publicado algo privado sobre você. Seu campo de visão tornou-se estreito, seus instintos de emergência animal, e você se preparou para uma luta. Foi cansativo, e depois acabou.

Agora imagine que você entrou nesse link e foi diretamente para um site onde alguém realmente estava falando sobre você. Provavelmente essa pessoa era um estranho, ou talvez fosse alguém que você confiasse. Provavelmente uma foto que você pensava que estava segura, entre pessoas íntimas e um vídeo que você nem sabia que havia sido gravado, ou algum estranho falando coisas sem noção sobre seu cabelo. Imagine realmente que você tenha sido traída. E isso aconteceu a cada minuto de sua vida após a puberdade. Imagine que isso não demonstre nenhum sinal de que alguma hora irá parar.

Você iria sobressair como um herói de uma guerra, e como um soldado traumatizado. Seu senso de normalidade seria destruído, seu cérebro e seu corpo exaustos de anos de alerta sobre um campo de batalha, desviando dos atiradores e se perguntando onde a próxima bomba irá explodir. Você iria a um terapeuta, talvez, uma mulher educada, pequena, com dois doutorados e você deixaria o escritório dela chorando todas as semanas, e não porque você alcançou suas dores, e sim porque a cada visita você percebe que não tem nenhuma maneira dela perceber que o grupo de pessoas que já passou pelo que você passou é muito pequeno, e que a maioria dessas pessoas ainda estão lutando contra esses demônios, que você não pode gritar alto o suficiente para expulsar a frustração do seu corpo.

Provavelmente, em algum momento, você decidiu cortar seu cabelo.

Para Miley

Miley, você acaba comigo toda vez que pisa em um palco. Sua capacidade de comandar uma platéia ao vivo é, e sempre foi, sobrenatural. Você é talentosa e trabalha muito duro. Quem falar o contrário, tem pouca experiência liderando várias turnês mundiais.

Por que vale a pena, eu acho que o seu cabelo está impressionante agora. Ele destaca o seu rosto. Acho que você tem todo o direito de ficar noiva de um homem, para beijar uma garota, para vestir o que quiser em qualquer premiação que você é convidada. Mas, Miley, ouça – não vale a pena nada. O que eu penso não importa, e isso é tão verdadeiro para os estranhos que te adoram, quanto aqueles que te odeiam. Nada disso é baseado na realidade. Nada disso é baseado em toda a história. Nada disso tem a ver com você.

Vou me despedir, Miley, com uma citação tirada parcialmente a partir de dentro de seu antebraço esquerdo, que atribuiu também ao presidente Theodore Roosevelt:

“Não é o crítico que conta; não o homem que aponta como o homem forte tropeça, ou fala que poderia fazer melhor. O mérito pertence ao homem que realmente está na arena, que enfrenta a poeira, o suor e o sangue; que se esforça corajosamente; que erra, que em algumas situações, fica sem recursos, porque não existe esforços sem erros e fracassos, mas que realmente se empenha para realizar as tarefas; que tem grande entusiasmo, grandes devoções; que se empenha em algo que valha a pena, se falhar, pelo o menos fracassa ousando muito, de forma que seu lugar nunca será junto às almas frias e tímidas que não conhecem vitória nem derrota.”